HOLISMO


"O homem, como podemos perceber ao refletirmos um instante, nunca percebe plenamente uma coisa ou a entende por completo. Ele pode ver, ouvir, tocar e provar. Mas a que distância pode ver, quão acuradamente consegue ouvir, o quanto lhe significa aquilo em que toca e o que prova, tudo isso depende do número e da capacidade dos seus sentidos. Os sentidos do homem limitam a percepção que este tem do mundo à sua volta. Utilizando instrumentos científicos pode, em parte, compensar a deficiência dos sentidos. Consegue, por exemplo, alongar o alcance da sua visão através do binóculo ou apurar a audição por meio de amplificadores elétricos. Mas a mais elaborada aparelhagem nada pode fazer além de trazer ao seu âmbito visual objetos ou muito distantes ou muito pequenos e tornar mais audíveis sons fracos. Não importa que instrumentos ele empregue; em um determinado momento há de chegar a um limite de evidências e de convicções que o conhecimento consciente não pode transpor."

Carl Gustave Jung

 

O modelo conceptual de mundo ainda vigente parece vir causando uma crise como jamais vivida pela raça humana.

Nossos cientistas, guiados por este paradigma cartesiano, alcançaram um desenvolvimento tecnológico razoável, o que possibilitaria à nossa raça o conforto material ainda tão almejado, mas tal conforto vem sendo, na verdade, privilégio de poucos.

O mesmo modelo, principalmente quando aplicado às ciências humanas e sociais, conduz a uma concepção de ser humano tão fragmentada que parece Ter feito com que o homem moderno perdesse todo o seu referencial, seu próprio motivo de ser, de existir.

A mãe Terra, grande mantenedora de nossa própria existência, encontra-se perigosamente ameaçada, ferida por seus próprios filhos.

Na educação é perfeitamente visível a fragmentação, principalmente nas universidades onde podemos observar vários departamentos científicos aprisionados em suas próprias teorias em mundos exclusivos, alheios ao todo do universo que os circunda.

Nossas crianças são massacradas nas escolas que ainda privilegiam o puro materialismo e mecanicismo, vistas como vasos vazios que precisam ser enchidos com os valores de uma sociedade decadente, desvalorizadas por seus sentimentos ainda puros.

Uma reação natural que levasse todo esse caos a um caminho de reequilíbrio não poderia deixar de surgir e um movimento de descontentamento com a limitada visão científica existente vem fomentando a construção de uma nova visão da realidade; mais humana, observadora das relações estabelecidas entre as diversas, ou talvez infinitas partes de um todo universal. É a esta nova maneira de se observar a realidade dentro de um conjunto que se dá o nome de holismo, ou seja, o todo não é o todo sem as partes e as partes não são nada fora do todo.

Esta nova ótica vem mobilizando a sociedade científica e já se faz sentir à nível global.

Entre 3 e 7 de março de 1986, por iniciativa da Unesco, reuniram-se na cidade de Veneza representantes de diversas áreas do saber humano em nome de dezesseis nações. Surgiu então a Declaração de Veneza, um manifesto confessando uma necessária complementaridade entre a ciência formal e a tradição espiritual.

A Declaração de Veneza abre portas à liberdade de pensamento e à construção de uma nova perspectiva filosófica que venha a preservar os valores humanos e resgatar tradições sob uma nova ótica.

Cumpre-nos levar adiante esta iniciativa da Unesco e, não apenas disseminar, mas incorporar, ou quem sabe, trazer à luz e fazer crescer a idéia da possibilidade de um mundo melhor para o homem.


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Alexandre Vieira
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By Alexandre Vieira
Última revisão: Novembro 21, 1999.
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